D. Demétrio Valentini
O mês de janeiro traz marcas
evidentes de nossa tradição cultural e religiosa. O dia 20, por exemplo, é a
festa de São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro. E no dia 25, a festa de São Paulo
coincide com o aniversário da fundação
da cidade, em 1554.
E assim daria para lembrar
diversos ouros nomes de Estados e Cidades, que levam o nome de santos. São Salvador da Bahia é o nome da primeira
capital do país. E a baía que banha a cidade e os seus entornos é nada mais do
que a Baía de Todos os Santos!
Se a cidade tem nome, o seu
padroeiro serve de sobretudo. Ou vice versa, tanto faz.
Assim, por exemplo,
se chamava a “província” situada no extremo sul do pais, a
“Província de São Pedro do Rio
Grande”. Depois São Pedro ficou
esquecido, ou relegado a padroeiro da Catedral da cidade de Rio Grande, onde
fica o porto, bem maior que o “Porto Alegre dos Casais”, que também deixou os
“casais” pelo caminho, para ficar com a
alegria do porto!
Santa Catarina era o nome da
Ilha. Depois emprestou seu nome a todo o Estado!
O Maranhão, desde o começo, foi
batizado como “São Luiz do Maranhão”,
colonizado pelos franceses, que quiseram honrar o rei que tinha sido
santo, no mesmo trono de tantos outros que com certeza não o foram!
O Estado do Espírito Santo já foi
mais atrevido, invocou o nome de uma das três pessoas da Santíssima Trindade.
Ao redor de São Paulo se ensaiou
uma espécie de ladainha de todos os santos, com o famoso ABC - Santo André, São Bernardo e São Caetano, que prolongam a megalópole, acrescentando
alguns milhões de habitantes, aos muitos
que a capital já tem.
Em todo o caso, a invocação dos
padroeiros evidencia a intuição da fé cristã, que nos alerta, com discrição e
insistência, que esta vida tem outro lado, tem outra dimensão, tem outro significado,
que simbolicamente é expresso pelo nome do Santo que acompanha o toponímio.
Sem a invocação de um santo o
nome parece incompleto.
E´ o caso pitoresco que aconteceu
com uma cidade da Diocese de Jales. O fundador lhe deu o nome de sua filha,
Albertina, para que assim se chamasse a cidade que ele fundou. Mas, o povo achou pouco. Acrescentou o
adjetivo “santa”. De modo que, oficialmente, a cidade passou a ser chamar de
“Santa Albertina”. Acontece que não
existe no calendário cristã esta santa!
Mas assim mesmo o povo fez questão que a cidade se chamasse de “Santa
Albertina”!
Ainda bem que agora a Igreja está
providenciando uma Santa Albertina de verdade, com a beatificação da
adolescente que morreu em defesa de sua dignidade, a Albertina Berkenbrock,
cuja canonização se espera para breve. Assim Santa Albertina terá uma santa de
verdade para invocar como sua padroeira.
Moral da história: quer levemos o nome de algum padroeiro, ou não, a melhor proposta é seguir
os santos, e garantir um lugar junto
deles no céu, pois a geografia aqui na
terra não está muito garantida, não!
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